A geração Z (Gen Z) está preocupada com a economia e as suas perspectivas de emprego. É o que revela a pesquisa Make way for Gen Z, publicada no dia 25 de setembro pela Federação Internacional de Contadores, International Federation of Accountants (Ifac), sigla em inglês. Foram ouvidas mais de 3.300 pessoas, com idades entre 18 e 23 anos, em 19 países do G-20, incluindo o Brasil.
De acordo com o estudo, entender as prioridades da Geração Z será crucial para os formuladores de políticas e para os empregadores, já que os debates sobre políticas públicas enfrentam cada vez mais as compensações entre gerações na riqueza e como ela é definida como a maior geração do mundo.
A pesquisa pode servir para balizar o trabalho das empresas de contabilidade, auditoria e até mesmo os departamentos tributário e fiscal das organizações na hora de captar profissionais de qualidade, formar e reter esses talentos. Estas são três grandes dificuldades apontadas pelos gestores.
O resultado foi apresentado durante a abertura do XI Encontro Nacional dos Coordenadores e Professores dos Cursos de Ciências Contábeis (ENCPCCC), realizado no dia 29 de setembro, em São Paulo, pelo presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Ivânio Breda.
Durante o evento, Breda afirmou que "é motivo de orgulho saber que os jovens, especialmente dos países do G-20, veem a carreira contábil como uma carreira promissora, de projeção e que vai conceder a eles as expectativas de vida de acordo com os percentuais apresentados pela pesquisa". Para o presidente do CFC, a busca de um equilíbrio entre carreira e vida pessoal, em um mundo onde o uso da tecnologia é alto, é algo paradoxal.
As principais prioridades de carreira da Geração Z incluem: uma trajetória de carreira estável (89% avaliaram como importante ou muito importante), salário e benefícios competitivos (87%) e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (84%).
Os fatores menos importantes na hora de optar por uma carreira são as oportunidades para trabalhar no exterior (63%), de ser uma liderança nos negócios (64%) e tomar decisões estratégicas nos negócios (63%). Entretanto, Estados Unidos e Índia são exceções. A Geração Z nestes países colocam a capacidade de ter um impacto significativo através do seu trabalho acima do salário e dos benefícios na escolha de uma carreira.
Além disso, 73% dos entrevistados da Geração Z considerariam uma carreira na profissão contábil e mais de um quinto (21%) já decidiram seguir uma carreira em contabilidade. Dados recentes do Ministério da Educação mostram que a procura por cursos de Ciências Contábeis aumentou nos últimos anos, colocando-a entre as carreiras mais procuradas pelos jovens no Brasil.
Pode-se dizer que esse aumento na procura pela carreira contábil se deve, conforme Breda, "com base em pesquisas já realizadas, que o reconhecimento da importância da profissão pelo mercado e a respectiva ampliação de vagas para o profissional da contabilidade, certamente, estão entre essas razões".
Segundo ele, é notória a busca de profissionais para atuação em áreas estratégicas da gestão. "Muitas empresas de médio e grande porte já inseriram a área contábil em nível de direção, criando cargos, como o de diretor de contabilidade, dada a sua relevância estratégica. A possibilidade de se tornar um empresário na área contábil também deve estar no rol de motivos, pois o ensino acadêmico tem orientado os estudantes a se tornarem empreendedores na sua área de atuação, o que justifica o crescimento do número de organizações contábeis no País."
Além disso, diz o presidente do CFC, começa a crescer a percepção de que o curso de Ciências Contábeis é uma excelente opção de formação para quem quer se tornar empresário em qualquer área, em função da amplitude de conhecimentos que as disciplinas proporcionam para o enfrentamento dos desafios empresariais.
Para este estudo, a Geração Z é definida como os indivíduos nascidos entre meados da década de 1990 e meados da década de 2000. Conduzido pela Ifac, este estudo dá voz a 3.388 indivíduos entre 18 e 23 anos nos países do G-20. Isso representa uma amostra de 150 a 300 participantes de: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, o Reino Unido e os Estados Unidos.
O levantamento foi realizado pela Ifac, organização global para a profissão contábil dedicada a servir o interesse público, fortalecendo a profissão e contribuindo para o desenvolvimento de economias internacionais fortes. A Ifac é composta por mais de 175 membros e associados em mais de 130 países e jurisdições, representando quase 3 milhões de contadores em práticas públicas, educação, serviços governamentais, indústria e comércio.
As principais prioridades das políticas públicas dessa geração são melhorar a estabilidade econômica, a educação de qualidade e a disponibilidade de empregos. No entanto, as visões sobre como alcançar os resultados desejados dependem da localização. A pesquisa constatou que 51% da Geração Z considera importante que seu governo priorize uma abordagem nacional à política econômica, enquanto 32% preferem um enfoque global.
Na França (52%) e na Alemanha (43%), a Geração Z apoia mais fortemente a colaboração política internacional, enquanto a preferência por uma abordagem nacional das políticas públicas é mais forte na China (65%), África do Sul (63%), Índia (60%) e Rússia (59%).
"As visões da Geração Z parecem refletir a tensão entre o protecionismo nacional e a cooperação política global que se desenrolam nos debates geopolíticos e econômicos contemporâneos", disse Russell Guthrie, diretor executivo da Ifac. "A ênfase na estabilidade econômica diz muito sobre o que o futuro trará, já que essa geração já está exercendo sua voz ativa e apaixonada no cenário global", sustentou Guthrie.
Além do conflito entre o protecionismo nacional e a globalização, outras preocupações incluem assistência médica, especialmente no Canadá, França, Alemanha e Estados Unidos, e combate à corrupção sistemática, que foi classificada como prioridade máxima pelos entrevistados na Argentina, Brasil, Índia e Indonésia.
Estabilidade no emprego e profissões reconhecidas estão entre as principais vantagens apontadas.
O desejo de estabilidade no emprego também é evidente nas expectativas da Geração Z. Eles antecipam que a digitalização e a tecnologia emergentes são uma faca de dois gumes, trazendo novas formas de trabalho, mas também o declínio dos empregos tradicionais como resultado.
Contrastando com as perspectivas de "viva o sonho a todo custo", comumente atribuídas à geração anterior, as principais prioridades da Geração Z na escolha de uma carreira incluem uma carreira estável (89% importante ou muito importante), salário competitivo e benefícios (87%) e equilíbrio trabalho-vida pessoal. (84%).
A percepção da Geração Z para a profissão contábil é altamente alinhada com suas duas principais prioridades na escolha de uma carreira. Um total de 87% da Geração Z vê a contabilidade profissional como atraente ou muito atraente ao oferecer uma trajetória de carreira estável, enquanto 86% considera que a profissão satisfaz ou supera suas expectativas salariais e de benefícios.
O presidente do CFC, Zulmir Breda, lembra que, segundo pesquisas de organizações respeitadas que operam no mercado, a profissão contábil é uma das que possui maior índice de empregabilidade no País e no mundo. Atualmente, o profissional da contabilidade não apenas produz dados, mas os analisa e auxilia nas decisões dos negócios.
Principalmente em razão dos problemas que foram detectados recentemente com os escândalos de fraude e corrupção que envolveram empresas e órgãos públicos, cresce a procura de profissionais para atuar em áreas como a gestão de riscos e de conformidade. "As áreas de controle estão sendo fortalecidas a fim de que sejam evitados esses problemas, os quais podem destruir organizações do dia para a noite", analisa.
Segundo o levantamento, um total de 73% dos entrevistados considerariam uma carreira contábil e 21% afirmaram que já decidiram seguir carreira na profissão. "A Geração Z traz uma grande riqueza de novos e incomparáveis talentos para a força de trabalho global. Esta pesquisa identifica por que a profissão contábil está bem posicionada para atrair e reter talentos da próxima geração, particularmente à medida que o papel do contador se torna cada vez mais estratégico", disse Fayezul Choudhury, CEO da Ifac.
Ainda segundo Choudhury, "os empregadores de todas as indústrias seriam bem adequados para entender às perspectivas da Geração Z à medida que eles vêm para moldar o futuro do local de trabalho".